terça-feira, 26 de abril de 2016

Fora, sua irresponsável!

"Quando morrem mendigos, não se veem cometas no céu; mas o próprio firmamento resplandece anunciando a morte de príncipes."
Fala de Calpúrnia, dirigida a seu marido Julio César, na peça homônima de Shakespeare


  O imperador romano Julio Cesar teve três esposas. A primeira tinha o sugestivo nome de Cornélia e foi trocada por Pompéia, que perdeu em encantos para Calpúrnia. Esta previu a morte do Imperador, conforme atesta a fala acima, retirada da peça. Nelson Rodrigues dizia que "somente os profetas enxergam o óbvio", mas nem o fato de Calpúrnia antever a tragédia pelo brilho do céu fez com que seu ilustre marido enxergasse o pior.
  Mas a mulher de César que nos interessa agora é a segunda, Pompéia. Consta que sua beleza atraía admiradores, a ponto de um deles, chamado Clódio, invadir o palácio real vestido de mulher para chegar perto dela. Foi pego e julgado. César considerou Pompéia inocente, porém a repudiou em particular, proferindo a famosa frase onde asseverava a superior necessidade de sua esposa ostentar sua honestidade, não bastando ser honesta.
  O debate em torno do impeachment tem tamanhos tons de surrealidade que a crônica de sua narrativa não dimensiona. Tome-se por exemplo, a frase "impeachment sem crime de responsabilidade é golpe". É mais ou menos como dizer: "condenar alguém por roubo sem que ele tenha pego escondido para si algo que fosse de outrem é injusto". Se começa surreal, continua surreal: "Dilma não cometeu crime de responsabilidade. Ela é honesta." Ora... será que é tão difícil entender (eu sei que para membros da seita petista é impossível aceitar. Mas aceitar é diferente de entender) que quem comete crime de responsabilidade é um irresponsável, ainda que potencialmente honesto?
  Dilma tomou dinheiro emprestado dos bancos públicos - Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES - em nome do Tesouro Nacional. Os bancos estatais não podem emprestar dinheiro ao Tesouro Nacional. Está no artigo 36 da Lei de Responsabilidade Fiscal:

Art. 36 da LRF: “É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo.”

  Por si só isso já seria crime de responsabilidade. Ocorre que o governo presidido por Dilma atrasou o pagamento ao bancos estatais. Eles então cobraram juros do Tesouro Nacional. Isso pode menos ainda, aí o caldo entorna de vez. Relatórios do Tribunal de Contas da União detectaram que este crime foi cometido várias vezes, em vários momentos, se tornando um costume do governo Dilma. A situação foi ficando de tal monta, que chegou num ponto onde os atrasos começaram a ficar descarados, até porque, se os juros dos empréstimos fossem integralmente pagos, as contas do governo afetariam o superávit primário.
  Grosso modo, o balanço das contas do governo precisou ser maquiado para que o superávit não fosse ameaçado e os títulos da dívida pública do Brasil não perdessem o valor. Esse conjunto de maquiagens foi detectado pelo Tribunal de Contas e foi chamado de "pedaladas fiscais".
  Ficou feio. Os investidores perderam a confiança. Os títulos da dívida do Brasil caíram e com eles uma potente fonte de arrecadação do governo. O país foi rebaixado à qualificação de caloteiro pelas agências internacionais. O dólar explodiu. O preço de vários produtos, muitos produtos, como o pão francês, dependem do preço do dólar. Os preços explodiram. A inflação voltou. Com o dólar alto, a atividade de vários ramos entrou em descendente. Inflação com diminuição da produção, da circulação de dinheiro e mercadorias é recessão. O que leva ao desemprego recorde.
  Você conhece pelo menos meia dúzia de gente que foi de alguma forma afetada pelo desemprego só neste ano. Pais de família que não tem como saldar suas contas. Você mesmo tendo que fazer cortes. Isso tudo fruto não de roubo. Mas de irresponsabilidade de um governo inepto para com o trato da coisa pública.
  Para impedir coisas assim é que existe a lei da Responsabilidade Fiscal. Ela é ancorada na Constituição. Esta mesma Constituição autoriza o processo de impeachment para presidentes que ao pedalarem nas contas condenam o país à recessão.
  Independente do que os esbirros petistas possam arrotar ou cuspir, os céus, que se cobriram de amarelo ao som de panelaços já anunciam a queda faz tempo. Essa senhora irresponsável vai sair do governo. A lei não se importa se ela é honesta ou parece honesta. Ainda bem.



  

terça-feira, 12 de abril de 2016

Onde você estava em 29 de setembro de 1992?

  A hora vem chegando, e a história vai se repetir, não como farsa, nem como tragédia. Antes de respirar fundo e encarar o futuro, melhor apascentar a alma e buscar energias no passado. Nossos filhos nos perguntarão onde estávamos em 17 de abril de 2016. Estudarão nos livros de história, que se depender de nós contarão a verdade. Se depender de quem escreve estes livros hoje, contarão que foi um golpe.
  Este post é muito pessoal. Permitam-me que o seja. A história se move a partir das motivações das pessoas. Da soma de individualidades que ascende a chama do imponderável, do incontrolável que leva à situações de ruptura e faz uma sociedade saltar em evolução. Vivemos uma era assim, e por isso ela é histórica. Foi fundamentalmente a manifestação da vontade de cada um que fez com que as coisas chegassem até aqui desta forma. E, cismando sozinho agora de noite, me reportei a setembro de 1992. Voltei a Ribeirão Preto, onde morava.
  Tenho guardada até hoje a camiseta que usava nas manifestações. Trazia na frente a frase "Eu chafurdo" e atrás "E elles emporcalham." E mais em baixo a assinatura "Sindicato do Golpe". Collor havia dito que se formara um Sindicato do Golpe, organizado para derrubá-lo utilizando-se de procedimentos inconstitucionais. Ele se referia aos opositores como "porcos que chafurdam na lama". Daí a ironia da camiseta. Lembro que um mês antes ele conclamou os brasileiros a saírem às ruas de verde-amarelo. O retumbante protesto contrário veio com todos trajando preto. As cores nacionais só apareceram pintadas com guache em nossos rostos.
  Depois veio a CPI. E o clima começou, na minha visão de adolescente de 17 anos, a ficar meio histérico. Fui ficando mais esquisito com tudo aquilo. Descobrimos que Collor pegou dinheiro da campanha, "lavou" no Uruguai e repatriou no Brasil. Descobrimos que ele comprou um Fiat Elba e reformou sua casa em Brasília com dinheiro sujo. Descobrimos que ele roubou da LBA, a Legião Brasileira de Assistência, depois extinta. Mas eu achava que estava virando festa.
  Não havia como pesquisar a não ser por vias de livros, que não traziam muito sobre o que seria o raio do Impeachment. Professores do cursinho diziam que era um momento ímpar, que estávamos com a história nas mãos, que seria mais lindo que as Diretas Já. Mas o clima era mais de festa do que de reflexão, as frases gritadas eram meio sem nexo, como "Pê Cêêêê, Pê Cêêê, vai pra cadeia e leva o Collor com você!". Já se sabia que o processo era mais político e não criminal, que Collor seria quando muito apeado da presidência, mas ainda não preso. Aquela frase de efeito fazia pouco sentido. O grito mais legal mesmo era, "Ê, Fernandinho, vê se te emenda! Já sabem do teu furo, nêgo, no imposto de renda!", emulando Raul, morto três anos antes.
  Um só professor do COC, onde eu estudava para tentar passar em medicina, se posicionou contra o impeachment. Dava aula de gramática. Lembro que fui falar com ele no intervalo da aula. Da longa conversa, me lembro dele me dizer que nada daquilo adiantaria. Que Collor só estava sendo enxotado porque brigara com o congresso, e que o grande problema do país ainda ficaria sem solução, que seria a corrupção envolvendo campanhas eleitorais. Eu era um menino que só havia presenciado uma campanha para presidente. Mal sabia do que aquele senhor falava.
  Uma semana antes da votação, fui com minha camiseta de sempre para a Praça XV. Meus colegas de pensão foram junto. Em meio à balbúrdia, vi um deputado estadual que tinha base eleitoral na cidade tomar o microfone do carro de som. Antonio Palocci, já candidato a prefeito, foi ovacionado inclusive por mim. Foi a primeira e última vez que tratei um político como astro de rock. A praça começou a ficar perigosamente cheia, pelo menos na minha modesta avaliação. Usei de parâmetro o fato dos garçons do Pinguim baixarem as portas do bar. Avisei o pessoal que ia voltar para a pensão. Fui andando e com a cabeça fervendo. Entrei numa padaria para lavar o rosto e tirar o verde-amarelo. O impedimento de Collor me parecia favas contadas e eu precisava estudar matemática.
  No dia 29 de setembro decidi que não iria para a praça. O clima de festa causou implicância naquele adolescente, cujo mau-humor só pioraria vida afora. Fiquei estudando na pensão. Pelo meio da tarde lembrei ao meu colega de quarto: "Vai começar". Pegamos a relação dos deputados divulgada pela Folha, que trazia quadradinhos em branco, formado colunas de "a favor" e "contra" do lado de cada nome. Tínhamos uma televisãozinha, dessas de pesca, de cinco polegadas, onde a imagem saía em preto-e-branco.
  A sessão começou e deu para ver que seria lavada. A cada voto pelo impeachment soltávamos um "êê", ou um "yes!", e cada deputado que votava contra merecia de nós um apupo como "vendido" ou mesmo um palavrão. Até que ficou por um. Praticamente o plenário todo, de pé, com o indicador em riste. O presidente da sessão, Ibsen Pinheiro, chamou o deputado Paulo Romano. A televisão mostrava que ele era do PFL de Minas. "Vai ser um mineiro! Vai ser um mineiro!", meu colega de quarto me chacoalhava pelos ombros. Até que Romano disse algo como "Por Minas, meu voto é sim!" Pulamos abraçados feito dois torcedores, ouvindo os berros do Congresso e o alarido das ruas. Cantamos o hino nacional. Dois vestibulandos num quarto de pensão. Dois cidadãos brasileiros orgulhosos de seu país. Ouvimos fogos nas ruas. Paramos de preencher o gabarito do jornal. Ficamos sentados em silêncio mais um tempo.
  Até que meu colega de quarto me trouxe à Terra: "Michel, química orgânica!" Fingi não ouvir. Ele julgou por bem dar por encerrado nosso dever cívico, me chamando do apelido que eu odiava: "Batatinha, desliga isso aí. Química orgânica, vamos!" Ajudar a mudar um país não dava pontos no vestibular.
  Abri a apostila de alma lavada.

domingo, 3 de abril de 2016

Submisso Tribunal Federal

"As convicções são cárceres. Mais inimigas da verdade que a própria mentira."
F. Nietzsche


  Há momentos em que eu olho para os ministros do Supremo e penso que, quando atuam se esquecendo de que são um dos pilares da democracia, eles só podem estar cegos por excesso de convicção. Não, o STF não é a última trincheira, como quis definir Marco Aurélio. Aliás nem trincheira deveria ser, pelo mister de serenidade e distanciamento exigidos de seus ministros. Mas é um baluarte. Como o é o Executivo, ocupado por uma moribunda moral, como o é o Legislativo, cujas câmaras são presididas por rematados ladravazes, e eis que temos o Judiciário presidido por uma nulidade como Ricardo Levandowski. Se o Executivo e o Legislativo são sempre a nossa cara e bem merecemos toda a lama que produzem, o Judiciário não deveria ser. Pelo menos não tão abertamente. A divina providência e a regra estulta da aposentadoria compulsória brindaram o PT com a chance única na história republicana de poder colocar no Supremo gente de sua confiança. A fatura chegou com força agora, cobrada por Lula. Imaginávamos que os doutos jurisconsultos fossem se fazer de rogados. Até agora se fizeram de covardes mesmo, com raros momentos de independência genuína. 
  Nossa Suprema Corte saiu-se razoavelmente do episódio do Mensalão, onde foi colocada no epicentro dos acontecimentos. Condenou inequivocadamente quem tinha que condenar e inaugurou um novo capítulo em nossa história, no que merece mesmo um reconhecimento. Aquilo tudo era muito novo, havia clamor popular - igual pressão petista - havia a premência do tempo. Porém havia Ayres Brito, que deu o rumo inicial ao julgamento, tendo que sair no meio por conta da aposentadoria forçada. Havia Joaquim Barbosa, o relator do processo, a quem se deve grande parte do resultado. Mas... 
  Mas havia Levandowski, o revisor do processo que nos ensinou a nós leigos o significado da palavra "chicana" em juridiquês. Havia Toffoli, que já disse agora que o impeachment não é golpe ("O que deu neste menino?"), mas toda atenção com ele é pouca. Havia Teori Zavascki, que entrou do meio pro fim. O bom senso pedia que ele se abstivesse do voto por entrar com o bonde andando, mas quase foi decisivo para ajudar a inocentar a corja petista do óbvio crime de formação de quadrilha. Zavascki não perde a chance de nos avisar a que veio. E vai continuar não perdendo.
  Não havia Luis Barroso, que chegou depois. Aaaah, Luis Barroso... Ele já disse que o julgamento do mensalão foi um "ponto fora da curva". Até foi mesmo, mas ele se referia às penas aplicadas. Achou que o STF foi muito rígido. Ele protagonizou o voto mais constrangedor visto naquele tribunal, quando da apreciação do rito do impeachment no fim do ano passado. Ao ler em voz alta parte do regimento interno da Câmara dos Deputados, omitiu propositadamente um trecho que inviabilizaria seu voto. A palhaçada foi filmada... Não bastasse isso, o PT convocou o advogado Ricardo Lodi para defender Dilma na comissão do impeachment. Ele começou dizendo que não houve as pedaladas, mas um erro na execução do orçamento. Durante sua explanação deu para antever que ele sugeriria que houve pedaladas "culposas" e não "dolosas". Que tudo foi sem intenção, tadinha da Dilma, mas que tudo já estaria corrigido. Porém ele tomou coragem e encerrou dizendo que não houve crime nenhum mesmo. Seria só pitoresco, mas Ricardo Lodi é sócio no escritório de advocacia onde... Luís Barroso atuou até ser nomeado para o Supremo. Seu posicionamento, espremendo as leis para deixá-las favoráveis ao governo pode ser um prenúncio do comportamento de Barroso e companhia.
  E não havia Lula. Tá bom, também não havia Sérgio Moro e os bravos promotores do Paraná. Mas agora há Lula. Mais que nunca, os Ministros do STF estão entre fazer justiça e beijar a mão de seu nhô-nhô. Sinceramente, a impressão é a de que eles se dobrarão às evidências escorchantes para condená-lo. Já têm noção delas. Mas vão vender caro. Não por suas convicções, longe disso. O caso aqui é o compadrio, a gratidão pela boquinha recebida, a admiração subdesenvolvida ao caudilho. Um país onde alguns dos maiores inimigos da Verdade estão na Suprema Corte está fadado a ser um país de mentira
  
  

quinta-feira, 17 de março de 2016

Mas é claro que eu vou estudar!

"Lula da Silva não é bem bandido. É mais um progressista acelerado que, tendo concluído que o progresso para todos ao mesmo tempo estava demorado, resolveu despachar-se e dar o exemplo."

Do Blog "O Insurgente"


  Esse vai para você, especialmente para você, que vem colocando vários textos escritos em tom sereno, me convidando a refletir, a pensar com você e.. a estudar. Vamos lá então: 
  Para começar, seu tonzinho sereninho não me engana. Eu escuto seu ranger de dentes, sua taquicardia, e até sua respiração. Dá para ouvir, vai por mim. Eu te entendo. Tem gente, muita gente, mas muita gente mesmo, na rua. Gente que não foi chamada pela sua gente. Gente que não foi chamada por ninguém. Eu sei que para você isso não é legal. Essa turba não sabe o que quer né? Nunca soube. Precisou luminares como você para conduzi-la sempre a salvo de uma mídia que lava cérebros. Aliás a culpa é da mídia por esta arruaça toda, certo? Falando nisso percebeu o acento da citação lá em cima? Não? É porque deve ter lido Eça de Queiroz nessas edições "traduzidas" (a gente sabe que nem isso você leu): trata-se de um blog de Portugal. Estão rindo de nós, ops, de vocês, tá vendo? A mídia de lá é golpista também. A mídia do mundo todo é golpista. O trabalhador é enganado por esta mídia espúria, safada, e por isso vocês precisam protegê-lo desta violência, impedindo que conteúdos perniciosos lhe cheguem a embaralhar os (poucos?) neurônios. Fale de uma vez que é a favor da censura. É mais fácil. Você defende censores, a gente sabe.
  Mas, ok, vamos refletir um pouco. Este é o maior movimento da história, a despeito do que quer nos fazer crer a mídia. Estranhou? Saiba que o jornal que você diz ser vendido precisou mudar o nome do seu instituto de pesquisa para que as pessoas na avenida Paulista no último domingo tivessem boa vontade para responder às perguntas. É que há um ano este instituto vem mentindo sobre o número de pessoas presentes nas manifestações. Arredonda criminosamente para baixo. Sim são vendidos. 
  Espanta você que o maior movimento popular da história seja contra quem liderava os maiores movimentos populares? A mim não. Vocês nunca lideraram o que achavam que lideraram. As "Diretas Já!", o "Fora Collor", foram movimentos parelhos, que tinham como característica também a espontaneidade, a irreverência, o curso ordeiro e até a cor amarela. Um compositor, que certamente você admira cantou as Diretas Já num samba, que traz o verso "quando vi todo mundo da rua de blusa amarela...". Agora é a mesma coisa, só isso. Você quer que a gente se envergonhe pelo fato de estar na camisa o brasão de uma entidade que teve um ex- presidente preso e outro que não pode nem sair do país. Essa camisa simboliza outras coisas também, mas no momento é - vai por mim - mais pelo amarelo mesmo. Quem favoreceu à CBF foi aquele ladrão por quem você tem dado a vida e se exposto ao ridículo.
  Seu medo está bem aí. Caiu a ficha que até hoje quem moveu a história fomos nós, o povo. Sem cabrestos, sem mortadela, sem vermelho. A Diretas Já não foi obra de vocês. O Fora Collor não foi obra de vocês. O Fora Dilma é filho e neto destes. Obra de vocês foi o julho de 2013, aquele pastiche violento.
  Ao me mandar fazer a única coisa que minha mãe nunca precisou me mandar fazer, que é estudar, você, de modo cândido me diz que eu não passo de um ignorante, de um débil mental desinformado e tutelado por grupos de comunicação, que minhas crenças não tem respaldo, não passam de expressões de minha rematada estultice, e, muitíssimo generosamente vem me convidar para uma reflexão porque aquilo em que creio não procede pelo bom senso. E tudo isso só porque eu penso diferente de você...
  Com seu jeitinho, você vai tentando abrir meus olhos para a única VERDADE da vida. Aliás, você imaginou um regime de governo que possa ter um jornal oficial com esse nome? Significa que aquilo que não estivesse publicado num jornal chamado Verdade ("Pravda" na língua original) era por definição mentira. É isso que você está me dizendo, chuchuzinho, eu entendi. Que sua verdade vai se sobrepor ao que penso ser a minha, mas para isso eu tenho que evoluir como pessoa - que tal começar a estudar, não é mesmo? 
  Deixa eu te dizer uma coisa: enfie este seu totalitarismo no rabo. Eu não tenho medo (nunca tive) da sua laia. Pode vir pro pau. Há muitos anos treino a cuca para isso. Estou pronto. E com o dedo apontado para sua cara.
  Mas não se assuste. É só um dedo. Quem aponta fuzil para quem discorda são aqueles que você admira.

segunda-feira, 7 de março de 2016

O auto engano de Lula

"E a elite brasileira, que nós chamamos de coxinha, não consegue aceitar a ideia de uma mulher governar um país como esse", disse Lula ontem, em referência à presidente Dilma Rousseff em discurso para a plateia que engole esse tipo de despropósito intelectual na sede do PT em São Paulo.
Esse discurso é o mesmo que embasa a fictícia existência de uma classe média fascista, que não gosta de ver pobre andando de avião, que é contra a distribuição de renda justa, a escolarização dos pobres e a melhoria de vida do trabalhador brasileiro.
Se existe gente preconceituosa, sem noção, conservadora, racista (e com certeza existe e muito) que se encaixe no estereótipo do coxinha que a proganda esquerdista insufla, esse não é o perfil da massa da população que quer o PT fora do governo federal hoje.
Foi com essa classe média "coxinha" que Lula se elegeu a primeira vez e se reelegeu depois. Foi também com parte dessa classe média ainda iludida, que o PT se manteve no poder até agora. Isso aconteceu, justamente por que esse pessoal que o Lula insiste em chamar de elite, classe média, fascista, misturando tudo conforme a conveniência e o momento da platéia, votou e até a pouco ainda votava no PT.
Esse pessoal, que lidera ou aderiu ao movimento antipetista e que vai às ruas protestar no dia 13 de março, não é contra preto ou pobre, estudando, andando de avião, governando. Aliás, essa classe média que te elegeu Lula, é a mesma que depois venerou um negão de origem humilde de toga que fustigou o PT, chamado Joaquim Barbosa, e é fã do Obama. Esse pessoal, esperava que Lula e o PT fizessem o que começaram a fazer mas não foram capazes de continuar e efetivar. Não foram capazes de mudar de forma estrutural a situação social do nosso país. E não. A culpa não é "daszelites" Lula. Se o país não avançou, a responsabilidade não é da elite, pelo menos não dessa a que você se refere e que é, mais do que qualquer outra coisa, apenas uma entidade retórica que surge frequentemente nos seus discursos. A responsabilidade é sua Lula e do seu partido, que governam na esfera federal há 13 anos.
Essas pessoas, que Lula diz que rejeitam a sua origem humilde e uma mulher no governo, não aceitam o gogó maior do que os fatos. Sabe distinguir o que é uma mudança social de fato, daquela maquiagem distributiva simplista e ineficaz que o PT entregou enquanto detonava a economia, pouco fazia pela educação (e assim minava o caminho do verdadeiro desenvolvimento social sustentável) ao mesmo tempo em que assaltava e deixava que assaltassem o Estado brasileiro. Não toleram mais que se justifique tanto atraso no modo de fazer política em nome de uma política social que é mais populista e demagógica que efetiva. E ainda, essa classe média não está aí com o socialismo, pois não acredita que justiça social e desenvolvimento tenham qualquer coisa a ver com socialismo. Isso precisa ficar claro Lula.
Esse pessoal não está contra qualquer projeto de melhoria social, mas não cai no conto do vigário de que o PT seria a única via para o desenvolvimento e a justiça social no Brasil.
O PT se desfigurou completamente e se fundiu com a oligarquia política atrasada dos Sarneys, dos Collor, de Renan. Se associou ao mercenarismo do PMDB fisiológico com quem se locupletou e não tem mais como se desvencilhar, apesar dos brados de "Fora Cunha" da militância de esquerda que quer fazer crer (e acredita, sera ?) que isso resolve os problemas do Brasil. O PT se fundiu com a elite empresarial sangue suga das construtoras que superfaturam, com a elite empresarial que mama nas tetas do BNDES. O PT deu uma cara gigantesca à uma nova elite burocrático-partidária que infestou as empresas estatais, os seus fundos de pensão (que ajudaram a destruir financeiramente) e os emblemáticos 39 Ministérios em mais um sorvedouro de dinheiro público.
Ainda que a percepção do conjunto da arquitetura distributiva do modo de governar petista seja difusa, esse pessoal que vai protestar no dia 13, no fundo está lutando contra um modelo corrupto, ineficiente e fracassado, que distribuiu dinheiro pros ricos pela corrupção e pelos privilégios discricionários de uma condução econômica intervencionista, por vezes eleitoreira, em outras desastrada mesmo, mas sempre e sempre ineficiente e onerosa. Onerosa para os seus bolsos no agora e onerosa para o futuro dos seus filhos e netos.
O modelo petista como dito, também distribuiu dinheiro para uma camada média da população. Aquela do cabidão de emprego que inchou a máquina pública. E claro, o mais importante (ao menos para o marketing político), distribuiu para os pobres pelo Bolsa Família, transformando aquilo que deveria ser uma política temporária de mitigação em algo perene que acabou por servir à propósitos eleitorias mais de uma vez. A falta de efetividade na promoção do desenvolvimento estrutural real, evidencia por enquanto a condenação dos beneficiários do bolsa família à serem eternos dependentes do Estado. Tem gente que acha que isso é desenvolvimento social. Eu não acho. Fica muito mais próximo de um assistencialismo e ponto.
Para fechar a inconsistência do modelo adotado, a condução da economia para a recessão, fez insustentável o modelo distributivo gastador, mas a Dilma insistiu em continuar gastando e promover a elevação de impostos. No seu governo, pra piorar, essas medidas são combinadas com elevação dos juros, o que tem se mostrado ineficaz para conter a inflação (que não é de demanda) ao mesmo tempo em que é muito eficaz para acelerar a retração econômica turbinada pela falta de confiança generalizada. Essa combinação, desastrada e recessiva corrobora as sinapses confusas tão evidentes nos discursos de Dilma. Pra mim é resultado de muitas mentes no governo, a começar pela Dilma, com back ground ideológico socialista tentando governar um país capitalista. Pra desenvolver e distribuir riqueza no capitalistmo precisa ter outro drive mental. E o PT e parte de seus aliados, não entendeu e utopicamente não quer viver no capitalismo. Falo utopicamente, como eufemismo, mas é demagogia, pois o que mais estamos vendo são esses líderes de esquerda que criticam o capital mas adoram encher os bolsos e se abraçar à dinheirama.
Esse pessoal que vai às ruas no dia 13 protestar contra o governo, ao contrário do que a artilharia de comunicação do seu partido vai torpedear Lula, não é contra o legado social nem contra aquilo que você diz representar, mas já não representa faz tempo. É contra o legado podre que você e o seu partido deixaram. A lista dessa "herança maldita" para usar um termo seu, é ainda maior do que coube nesse post. Um dos seus piores legados é o achaque continuado do seu partido para a subjugação dos três pilares da República. Loteamanto em escala megalômana do Executivo, compra do Legislativo (mensalão e petrolão) e aparelhamento descarado do Judiciário (STF) para se blindarem.
É por tudo isso que o povo vai às ruas no dia 13 de março, pedir que esse governo seja de vez enterrado. Não é por que a elite não suporta ver uma mulher governando esse país.
Esse é o seu auto engano Lula.
Agora, finalmente, esse seu papo engana cada vez menos gente.
E vamos continuar a fazer força para que engane cada vez menos.
Você e a sua turma fizeram tudo para destruir a credibilidade da esquerda no Brasil seu Lula. Então agora é Fora PT.

   Por Kluk Magri Neto

quinta-feira, 3 de março de 2016

13 desastres econômicos que só ocorreram porque alguém digitou 13 confirma (Parte II)

  (amigos, este texto estava pronto antes da PF convidar Lula e comparsas, digo, familiares, para depor. Serve para completarmos o raciocínio sobre seu legado e acima de tudo para mantermos a serenidade)

  Na histórica semana em que o ministro da Justiça caiu por pressão do ex-presidente que vê a Polícia Federal cada vez mais próxima; na semana em que Bumlai, Odebrecht e Delcídio Amaral acertaram suas delações premiadas; na semana em que a denúncia mais contundente foi dada por pedalinhos, a gente continua a série dos desastres econômicos produzidos por este governo, com o beneplácito dos seus não poucos defensores e eleitores. Se para essa gente parece que ainda está pouco, para nós já deu. Porque, não bastasse a conduta de ladrões (mas até por ela), esta súcia de safados nos brindou com:
 
  8) O rebaixamento da classificação de risco do país pelas agências internacionais: atualmente estamos no nível de caloteiros. Não, não dá para investir aqui. E se não vem dinheiro para investimentos, se prepare que vem aumento de impostos. É... cortar gastos essa turma não vai. Eles só sabem fazer o contrário.

  9) Queda no comércio: já falamos disso, mas a crise não poupa nem amigos do rei. O Magazine Luiza vai amargar um prejuízo de mais de 50 milhões de reais - o maior de sua história. A rede Wal- Mart vai fechar quase 60 lojas por aqui. Pode-se argumentar que se trata de uma reestruturação mundial do gigante do varejo, que vai fechar 115 lojas pelo mundo. Mas não é sintomático que metade delas seja no Brasil?

  10) Para coroar a recuperação da economia mundial, o PIB médio do mundo cresceu 3,4 %. Para coroar nossa incompetência, nossa jequice, nossa preguiça de tudo e para provar de vez que a crise é produto desta cambada no poder, o nosso PIB decresceu 3,8% . Foi a pior queda desde 1990, quando caímos 4,35%, no governo Collor. A chatice nem é só essa, mas é que o argumento desonesto de dizer que a crise é mundial já não cola. Isso faz com que tenhamos que ouvir Lula dizer que a crise é culpa de quem não quer ver pobre andando de avião - o que aliás já não estamos mais vendo, infelizmente.

  11) Taxa de juros: a taxa Selic está a estratosféricos 14,25%. Ok, está assim desde setembro do ano passado. Mas não deixa de ser um atestado de incompetência. O Banco Central faz isso para tentar conter a inflação. Juros altos servem para conter inflação gerada por demanda, ou seja, quando todo mundo tem dinheiro na mão para comprar e chega uma hora em que a oferta fica limitada, causando aumento de preços. O BC então eleva a taxa Selic, de maneira a deixar o dinheiro "mais caro", uma vez que ela é parâmetro para juros praticados pelos bancos. Assim, o juro do crédito aumenta, o que inibe o consumo e leva a uma estabilização dos preços. Faltou alguém avisar ao BC que estamos numa recessão. A inflação que aí está não é pela demanda, mas por ajustes de preços que o mercado está fazendo por conta do aumento de custos. O remédio para este tipo de inflação é o governo gastar menos que arrecada - o nome bonito disso é "ajuste fiscal". Mas a gente já viu que cortar gastos essa turma não vai.

  12) A reação dos mercados ante ao impeachment: basta que se anuncie uma denúncia que possa levar ao impedimento da presidente que os mercados se animam. Com a delação de Delcídio Amaral, o dólar baixou, a bolsa subiu - ações da Vale, da Petrobrás e do Banco do Brasil puxaram a subida. O desastre obviamente não é este. Desastre é ter a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Vale (que só é metade privatizada) nas mãos dessa gente. Tanto é que basta uma possibilidade de serem escorraçados que as ações sobem. E tem quem ainda ache que o impeachment levaria à instabilidade...

  13) Herança maldita: será desonesto, burro ou muito desinformado quem se recusar a admitir que a herança da passagem do PT pelo governo será o aumento da pobreza. A equação inflação + recessão é sempre sinônimo de piora na qualidade de vida das pessoas - não só dos pobres. A lista de bilionários brasileiros da Forbes já caiu pela metade. Alguns idiotas podem achar que o dinheiro destes bilionários foi para distribuir renda - sim, tem quem ache. O fato é que Lula pegou um país com a economia estável, e teve que se moldar a isso. Ter dito que recebera uma herança maldita de FHC foi só a primeira de muitas, inúmeras, incontáveis desonestidades deste caudilho a quem dentro de muito breve já poderemos chamar de ladrão.

Por conta de tudo isso, lacraremos 13. 13 de março. Antes que mais desastres ocorram.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

13 desastres econômicos que só ocorreram porque alguém digitou 13 confirma (parte I)

  Lula, o morto-vivo, tentou defender seu legado hoje na TV se valendo de alguns argumentos para explicitar um tempo de bonança e não de crise. Disse que somos o segundo maior exportador de avões do mundo. Somos mesmo, faz tempo. Não se dependesse do PT. Fizeram o diabo contra a privatização da Embraer e ainda este é um mantra petista contra adversários. Em 94, quando foi privatizada, a Embraer dava um prejuízo de 321 milhões de reais. Dez anos depois tinha um lucro de quase 600 milhões. A estatal Embraer, que continuaria estatal a depender de Lula, exportava 4 aviões por ano. Dez anos depois de privatizada, exportava 150. Faltou ressaltar isso no programa.
  Ele também falou que somos campeões do agronegócio. Sim, somos. Apesar do PT e da lógica petista em considerar qualquer empresário rural como um senhor de escravos. Poucas classes são tão demonizadas pela lógica petista como os produtores rurais. E poucos "movimentos" são tão bovinamente fiéis a Lula como o MST, que recebeu mimos e mais mimos em seu governo. Que bom que você reconheceu a pujança do agronegócio, Lula. Mas ela não tem nada a ver contigo.
  Bem, deixemos o programa do PT de lado - o marqueteiro que o escreveu está preso, ora vejam - e concentremo-nos no governo do PT. Segue abaixo 7 desastres econômicos (os outros 6 na semana que vem) que só ocorreram porque essa escumalha está no poder:

1) Desemprego: que é o maior desde sei lá quando a gente já sabe. Sabemos também que no último ano, em torno de 4000 pessoas perderam o emprego POR  DIA no Brasil. O que o próprio Ministério do Trabalho petista divulgou agora é mais emblemático: no ano passado foram fechados 115 mil postos de trabalho para nível superior. É isso mesmo. Foi-se o tempo que diploma era garantia.

2) Falências: no último ano o número de pedidos de falências cresceu 54,4 %. Houve 95 mil fechamentos de estabelecimentos comerciais (5,7% do total).

3) A Azul, companhia de aviação, desativou 20 aviões e deu férias coletivas para tripulantes. A petezada deve achar que é falta de gestão. Deve ser. Mas a empresa "mãe" da Azul, a americana Jet Blue, fechou 2015 com um lucro 150,6% (é isso mesmo) maior em relação a 2014. Ou eles emburreceram quando chegaram no Brasil, ou eles... chegaram no Brasil.

4) Planos de saúde: Ano passado, 1,2 milhões de brasileiros desistiram de pagar planos de saúde. 64 operadoras se encontram sob intervenção da ANS - a Agência Nacional de Saúde Suplementar - e outras 74 já decretaram falência mesmo. Mas não há problema, pois segundo Lula, o SUS é o melhor plano de saúde do mundo.

5) Produção de Etanol: Lula disse que somos líderes em produção de energia limpa. Somos. Mas o etanol foi outrora orgulho nacional. Pois é. Com os atropelos da Petrobrás, só neste ano 6 grandes usinas de etanol fecharam. O setor se encontra em sua maior crise na história, iniciada em 2014, quando foram registrados 77 pedidos de falência entre usinas e negócios afins.

6) Veículos: Ano passado as vendas de carros caíram 26,55%. Tradicionais empresas brasileiras que dependem do setor, como a Arteb, fecharam as portas. E tome férias coletivas, demissões, renegociações de salários. Coisas que aconteciam muito no final da década de 70, devido principalmente à crise mundial do petróleo. Mas naquela época as montadoras tinham no seu encalço um promissor sindicalista que cresceu para a política "defendendo" os trabalhadores deste setor. Não se tem notícia de nenhuma ação dele neste sentido agora. Nada. Nadinha. Nem para relembrar os velhos tempos...

7) Compra de alimentos: o brasileiro está comprando menos comida. Segundo estimativas do IBGE, o volume de vendas de alimentos vem caindo nos últimos 8 anos - todos de governo petista. A queda recorde (por enquanto) foi ano passado, quando as vendas retraíram em 7,8%. Tá bom, em crise a gente corta os supérfulos. Mas comida é supérfulo?

  Bem, essa é só a primeira parte. Tem mais desastre na semana que vem. Lembrando que em 13 de março, caso você queira que esta lista pare de aumentar, tem manifestações marcadas para o país todo. Bóra?